A perda do Feminino I - O problema

De 1 ano para cá, tenho andado num processo evolução e auto-conhecimento. Este processo, que já tem um percurso longo chegou a uma nova etapa da minha vida que me vi confrontado com algumas questões que preciso resolver.

Após um retiro espiritual no ano de 2022, identifiquei que tinha um problema com o lado feminino. O que mais impressionou-me foi num dos exercícios em que fui abraçado por uma das senhoras participantes, de frente para mim, com os seus cotovelos em volta da minha cintura e a palmas das mãos nas minhas costas, era puxado para encostar-me a ela. Não obstante ela já estar encostado em mim eu levei 4 passos para que me encostasse a ela.

Este exercício dentre outros, serviu-me de alerta de algo mais profundo se passava. Tudo bem que naquela época, conscientemente tinha decidido por a parte emocional na prateleira, depois de um divórcio, que diga-se de passagem foi muito bem gerido e até o considero ultrapassado.

Se tivesse que transformar toda compreensão do que me apercebi em relação a lado feminino numa palavra, palavra esta que foi verbalizada por uma das participantes do retiro, DESINTERESSE. Desinteresse a nível de achar uma mulher suficientemente interessante para sair da minha rotina. O simples sair com amigas é algo que não acontece. Quando saio ou encontro com amigas, é mais no sentido de problem solving, tipo alguém está com algum problema e precisa de desabafar e da minha ajuda.

A questão não é um caso de preferência sexual, porque gosto muito de mulher, mas o que descobri é que não deposito qualquer tipo de confiança como um ser a quem me possa apoiar ou providenciar qualquer tipo de confiança.

Feito uma retrospectiva, o que observei é um comportamento de repulsa. Se eu não tiver minimamente interessado na pessoa, dificilmente saio com ela just because. Muitas vezes após combinar um encontro, até torcia para que a pessoa cancelasse, outras quando era convidado simplesmente arranjava ocupação.

Outra conclusão tirada, é que pelo facto de ter uma energia curadora, tendo a atrair pessoas que precisa de cura. Tanto homens como mulheres. Mas é mais fácil dedicar-me a ajudar e apoiar um homem do que uma mulher. Em alguns casos para que acontecesse era sempre necessário ter um interesse meu para que pudesse então deixar essa pessoa partilhar momentos comigo.

Ainda na senda de olhar profundamente para esta situação, já que estamos a desenterrar os cadáveres, bora cavar mais fundo. É ter uma reação de fuga quando alguém diz ou sinto que está interessada em mim. Se eu não estiver interessado seja lá porque carga de água, fujo. Isso é tão grave que um terapeuta perguntou-me no ambiente onde danço, porque ele já me viu a dançar, se sabia quem gostava de mim. Eu nunca presto atenção a esse detalhe. Danço e vou embora. Mas durante a dança trato a parceira como uma rainha.

Por causa disso acho que muitas já devem ter pensado que sou tótó. Fui fazendo uma retrospectiva e já tive vários casos de mulheres a olharem directamente para mim e nada. Se ela pedir para dançar, posso dançar com ela 1000 vezes, mas não lhe vou pedir sequer o contacto. ZERO. Algumas vezes bate-me o outro peixe que diz-me para deixar de ser ET e lá peço o número ou meto mais conversa do que somente dançar. Mas nos dias seguintes, ZERO não ligo.

Isso tudo para dizer que acredito que me falta o sentido de MERECER AMOR. Nem sei se é isso.


Muito do que apresento, acredito ser corolário de situações de infância bem como resultado de relações que tive.
.....(To be continue)

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