O cemitério dos sentimentos

Todos nós temos dentro de nós um cemitério de sentimento. Local este onde tentamos enterrar as nossas mágoas, tristezas, decepções e até mesmo alegrias.

Este cemitério se suas campas abrirmos, encontraremos enterradas nelas não só sentimentos como também todo um conjunto de recordações boas e más que lá pusemos simplesmente para que numa dada fase da nossa vida só queríamos esquecer o que se sentia de modo a não sentir, recordar, pensar.
Neste cemitério existe um carrasco, um executor para além do coveiro. Este executor ocupa-se de matar tudo e todos que foram necessários para que aquela memória, pessoa, objecto deixe de fazer sentido e se torne totalmente indiferente às nossas percepções. A forma brutal de execução destas memórias está directamente associada à raiva, dor e mágoa que cada um sente. Muitas vezes é uma projecção negra daquilo que é de mais escuro dentro de nós. Este executor não justo, muito menos piedoso. Ele executa tudo e qualquer coisa que vier à memória e que cause dor.
No cemitério dos sentimentos existem almas penadas. São aquelas pessoas que por muito gostarmos delas, conseguimos matar o corpo mas não a sua alma. Estas ficam sempre deambulando pelo cemitério muitas vezes assombrando todos os dias que se fizer uma visita. Com estas almas também acompanham os fantasmas de momentos bons e maus. Que tocam repetidamente ao vivo no cemitério como se de um filme holográfico se tratasse, fazendo lembrar dos momentos de alegria como dos momentos de discussões e tristeza. A relva neste cemitério é composto fotos, objectos de recordação que somente o seu toque são capazes de causar dor, abrir lascas tão grandes que muitos desejariam enterrarem-se lá mesmo, mas não podem, pois este cemitério é para enterrar os outros.
O cemitério dos sentimentos tem uma particularidade, que é quando pretendemos matar e enterrar sentimentos mas só conseguimos matar e enterrar os objectos mas não os sentimentos. Este sentimento sai e persegue-nos tornando a nossa maior tortura. Este sentimentos ocupam a nossa alma como se de sanguessugas se tratassem, retirando a nossa energia vital para movermos para frente.
Neste cemitério existe um oásis, mas que poucos encontram pois não levantam a cabeça. Este oásis é a busca pelo perdão próprio e do outro. É a busca pela reconciliação com nós mesmos e pela compreensão e aceitação que tudo é de Deus. É busca pela luz que ilumina toda as sombras de sentimentos negativo, fazendo que se torne grato por absolutamente tudo que viveu sem arrependimentos.

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